Conheça neste espaço a história e as raízes da freguesia de Cortegaça, que remonta já a séculos muito antigos!


Séc. II A.C.: O Castro de Ovil

O Castro de Ovil trata-se de um importantíssimo achado arqueológico que comprova o interesse das zonas próximas à Barrinha de Esmoriz, referido em vários documentos dos séculos X, XI, XII e XIII e que foi finalmente descoberto em 1981.

Este povoado castrejo datado da Idade do Ferro, Séc. II A.C., encontra-se em Paramos numa pequena colina orientada a Sul (apenas a 5 km de Cortegaça) e demonstra que a região se apresentava como bastante auspiciosa e segura, fosse para a produção agrícola, pecuária ou para o desenvolvimento de pequenas atividades de pesca na Barrinha. É um povoado fortificado que apresenta várias estruturas habitacionais de planta circular, tendo sido abandonado durante o processo de romanização da região iniciado no início do Séc. I depois de Cristo.

Ovil provém da denominação que tinha então a Barrinha de Esmoriz: “Lagona de Auille“, “Ubile” e “Obil“.


973 – A 1ª Referência

O primeiro documento dos “Diplomata et Chartae” de Portugaliae Monumenta Histórica, ao referir uma doação de bens à Igreja de S. João Baptista, junto de Souto Redondo, no território portucalense, fala, entre outras, duma “villa de Cortegaza“. A relação de bens indica duas partes de Condesindo e, seguidamente, uma “villam que jacet ubi rio medianus discurrit” referências evidentes a Gondezende (Esmoriz) e a Rio Meão. Este facto obriga a identificar logicamente aquela “villa de Cortegaza” como a Cortegaça dos nossos dias.

Cortegaça aparece assim documentada, pela primeira vez, em 973.

O nome Cortegaça deriva do latim “Cortegacia” de Cortecatia, que segundo A. Cortesão é relacionado com cortex (cortiça) e que na opinião de J. Piel, parece demonstrar que durante o repovoamento das Terras de Santa Maria, os colonos que se fixaram nesta fecunda região de Entre Douro e Vouga lhe puseram esse nome pela quantidade de soutos, sobreiros e carvalheiras que então por aqui abundariam ou então apenas para perpetuar a memória de outra Cortegaça de onde teriam emigrado.


1198 – A Ribeirinha: Cortegaça, terra de amores régios

  1. Sancho I nos seus tempos de Infante casou com D. Dulce, filha dos Condes de Barcelona e quando esta faleceu, em 1198 enamorou-se com D. Maria Pais Ribeira. A “Ribeirinha”, filha de D. Paio Moniz e de Urraca Nunes, recebeu por parte de D. Sancho I, Vila do Conde e outras cidades e terras entre as quais constavam Cortegaça.

Mais tarde, a “Ribeirinha” esteve recolhida no Mosteiro de Grijó construído por seu avô, Nuno Soares. Este facto fez com que mutos frades recebessem depois, entre outros, o padroado da Igreja de Cortegaça.


1750 – A Arte Xávega

É livre a pescaria e estes habitantes, no verão, vão com a sua rede ao mar quando ele permite esse sossego. Quase sempre lhes sai frustrado o seu trabalho (de pesca), pelo diminuto que colhem, quando em outro tempo me certificam abundar e saciar o mar os habitantes em abundância e variedade de peixes“. Padre João Brito Cardoso, Abade de Cortegaça entre 1752 a 1758.

A Arte Xávega é um tipo de pesca de arrasto em que o barco que vai ao mar deixa uma longa corda presa em terra. Depois de serem largadas as redes, o processo de tração é realizado por bois e mais tarde por tratores. Assim que as redes chegam à areia, com o peixe ainda vivo, é distribuído por canastras que percorrerão toda a freguesia apregoando o peixe fresco do nosso mar. Esta é uma arte ancestral que foi praticamente por toda a costa portuguesa, caindo atualmente em desuso graças à evolução da tecnologia aplicada à pesca industrial.

Em Cortegaça e apesar da memória do Padre João Brito Cardoso, o interesse pelo mar nunca quebrou. Existem registos de várias companhas de Arte Xávega em Cortegaça. A mais relevante no Séc. XIX terá sido a Companha da Praia do Mar, que chegou a ter 138 sócios e deu lugar mais tarde à Companha de S. José, chegando aos 152 sócios.

Já no Séc. XX, a safra de 1915 e 1916 registava duas companhas. Posteriormente, o negócio do mar era constituído em empresas, sendo as mais relevantes, a Empresa Marques Violas & C.ª (extinta em 1944), a Empresa de Pesca, Rola, Marques & C.ª, Lda.ª (de 1944 a 1948) e a última, Oliveira, Marques e Companhia (de 1949 a 1952) que existiu principalmente para manter a tradição em Cortegaça pelos lucros que eram criados pela atividade.


1834 – O Concelho de Cortegaça

De tantas discussões acerca de concelhos e cidades, sobra-nos a memória do Concelho de Cortegaça, efémero mas real, que durou pouco mais de dois anos (de 13 de Maio de 1834 a 6 de Novembro de 1836). Este Concelho, cuja Comissão Municipal do Couto de Cortegaça era constituída da seguinte forma:

  • Presidente: António Joaquim José da Silva, do Gavinho;
  • Vereador: Manuel Marques de Sá, de Cortegacinhas;
  • Procurador: Manuel Francisco de Sá, do Monte;
  • Secretário: José Ricardo Correia de Resende;
  • Provedor do Concelho: Joaquim José de Oliveira Cardoso, do Gavinho;
  • Juiz para o Governo Civil: Manuel Rodrigues da Silva, da Pedreira.

Registaram-se em ata poucas reuniões da Câmara Municipal de Cortegaça, relatando questões como a nomeação do Comissário da Polícia e demais Cabos, o recenseamento para a eleição da Câmara Municipal efetiva, propostas para regras de utilidade e de interesse público, problemas com vedações e terrenos comuns, avenças, entre outros.


1862 – A Praia: Época Balnear e as Festas do Mar

Nesta altura, o conjunto de palheiros da “praia velha” apresentava certa relevância e acorriam lá vários banhistas em setembro, sobretudo depois das colheitas. Os banhistas iniciavam a sua estadia na segunda-feira e prolongavam-se até sábado.

Em 1877, data da inauguração da Capela da Praia Velha, foram organizadas as primeiras Festas em Honra de N.ª Sra.ª da Nazaré, sempre realizadas no primeiro domingo de setembro.

Depois de terminada a construção da Estrada do Mar (atual Avenida da Praia), em 1929, iniciou-se a construção da nova Capela de N.ª Sra.ª da Nazaré. A capela seria inaugurada nas Festas do Mar de 1934 e nesses primeiros dias de setembro, a praia de Cortegaça encontrava-se engalanada para a receber a nova imagem da Senhora da Nazaré. A nova imagem foi transportada da Terra (desde o Souto) até à praia nesse domingo, 1 de setembro, em grande procissão e à semelhança do que se faz ainda nos dias de hoje. Durante a tarde, a procissão desceu ao areal para a tradicional bênção ao mar.


1877 – As Capelas

Capela de S. José, no Souto (1753)

Esta capela foi mandada edificar por Domingos Francisco de Oliveira em 1753 e foi benzida em finais de 1757, semanas depois do seu eretor ter falecido.

Capela de N.ª Sr.ª dos Aflitos, na Cruz (1862)

A 14 de Outubro de 1862 foi lavrada uma escritura de dote patrimonial para construção e sustentação de uma capela, demolida já nos anos 80 do Séc. XX, devido ao seu abandono.

Capela Velha e Capela Nova de N.ª Sr.ª da Nazaré

A Capela Velha era de reduzidas dimensões e continha uma pequena sacristia anexa ao lado sul onde, apenas tinha um altar nicho de N.ª Sra.ª da Nazaré e nada mais. Acreditando na inscrição “Nossa Senhora da Nazaré de Cortegaça” gravada no cálice que ali servia, podemos afirmar que a capela já estava aberta ao culto nesse ano de 1877.

A partir de 1931, quando começaram a abandonar a Praia Velha, a imagem ainda permaneceu no seu nicho durante mais algum tempo. Assim que a imagem foi recolhida e colocada na nova capela, a Capela Velha foi abandonada e com o tempo foi coberta pelas areias e destruída pela força das ondas.


1879 – Cortegaça no concelho de Ovar

Cortegaça, inicialmente couto e depois concelho, teve sempre um juiz próprio, mordomo, porteiro e outros magistrados que muito embora fossem na presença do tabelião del-Rei que residia na Feira que se processavam os atos mais relevantes da vida dos seus moradores. Cortegaça esteve quase sempre ligado à comarca da Feira, à exceção dos anos em que foi concelho e alguns períodos em que os poderes judiciais estavam repartidos entre a Feira e a Vila de Pereira Jusã.

A Reforma Administrativa de Dezembro de 1836 trouxe uma nova divisão territorial onde foram extintos 465 pequenos concelhos, tal como o de Cortegaça que ficou ligado ao concelho da Feira e que após cerca de 40 anos passou a ser integrado em Ovar.


1910 – A Igreja Nova

A construção da igreja foi iniciada em 1910 por iniciativa do Padre Manuel Pereira e de uma comissão da qual faziam parte Agostinho Alves Fardilha, Manuel da Silva Costa, Joaquim Dias, Padre José Maria, entre outros.

Com a queda da monarquia em Outubro desse mesmo ano, o importante financiamento do Governo de Lisboa viu-se dificultado. No entanto, todas essas dificuldades não foram suficientes para quebrar o espírito e a determinação da população de Cortegaça, conseguindo construir e inaugurar a igreja no dia 18 de Agosto de 1918.

A Igreja Matriz de Cortegaça tem a sua fachada coberta por um magnífico trabalho de azulejaria (1921-1923) e com a representação de várias imagens como as de S. Pedro, S. Paulo, S. Francisco de Assis ou até do Coração de Jesus. No alto do frontão é possível encontrar três estátuas em cimento que são a da padroeira no centro, Santa Marinha, a de S. Miguel à direita e a de S. Martinho à esquerda.

No interior da igreja encontram-se vários painéis com representações bíblicas, imagens de santos nos diferentes altares ou até imagens dos apóstolos representadas no teto, fazendo da igreja um edifício de beleza incomparável.

A igreja sofreu ainda grandes obras de restauro e onde foram inauguradas as capelas laterais, bem como um novo batistério e grandes quadros de azulejo no altar-mor.


1913 – Atividades: Árvores, Futebol, Música e Teatro

Um Antigo Respeito pela Árvore

Numa linha de costa tão particular e fustigada por ventos e areais invasoras de terrenos agrícolas, a proteção concedida pela floresta nutriu um especial respeito dos cortegacenses pelas árvores. Por essa razão e no dia 24 de Março de 1913 comemorou-se em Cortegaça, o Dia da Árvore. Existiu também uma Associação Protetora da Árvore que desempenhava um papel fundamental na arborização de baldios, largos e estradas em toda a freguesia. As atividades desta associação sempre contaram com a colaboração da Junta de Freguesia de Cortegaça, que sempre apoiou as iniciativas de plantio e todas as atividades realizadas com a temática da árvore. A última Festa da Árvore em que há registos foi realizada a 1 de Dezembro de 1936.

A Tuna de Cortegaça

Em 1914 Cortegaça tinha já o Grupo Musical Cortegacense, formado por entusiastas, novos e velhos, animando festas de Igreja, de arraial e de salão em Cortegaça, Esmoriz e Maceda, deixando de si memória, pelos excelentes concertos que dava aos seus ouvintes e admiradores.

Em 20 de Fevereiro de 1916, na recordação fotográfica que aqui é reproduzida, a Tuna contava com os seguintes elementos: Manuel Rodrigues de Lima (no Rabecão); José Maria Caldas Pinho (no Clarinete); Carlos José da Silva “Joaninha”, Carlos Ribas, Amândio Alves Fardilha “Esquilhas”, Augusto Silva “Feta”, Norberto Costa, Joaquim Marques Rola e Manuel de Oliveira Reis “Luciana” (nos violinos); Elísio José da Silva “Joaninha” e Américo José Oliveira “Panela” (nas flautas); António Marques Oliveira Violas, José Rodrigues de Lima, António de Oliveira “da Pinta” e Manuel Marques Rola (nas violas); José Reis “Bernardino” (no bandolim); José de Sá Camboa “do Alberto” (no violoncelo).

Grupo de Teatro e Grupo Coral Orfeão

A partir de 1934 organizou-se um grupo de teatro amador que levaria à cena várias peças, incluindo peças como “Médica Manias”, ensaiada por David Escaravelho. Do programa desta peça constavam ainda bailados, canções e monólogos.  Este grupo de teatro encenou outras peças que o fez crescer e onde eram sempre integrados muitos habitantes de Cortegaça.

Pela mesma altura em que o grupo de teatro levava à cena as suas peças, em Cortegaça surgia uma outra coletividade. Esta coletividade era então o Grupo Coral Orfeão dirigido por António Gomes dos Santos e que contava com cerca de 50 elementos. Este grupo coral apresentou peças como “O Bruxo em Calças Pardas” em 1937 em Santa Marinha do Zêzere, localidade de Baião.

Futebol em Cortegaça

O primeiro clube futebol fundado em Cortegaça foi o “Sport Club Cortegacense”, fundado em finais de 1914 por um grupo de rapazes que tendo número de jogadores suficiente, treinava num campo improvisado. Pouco depois nasceu o “Alegria Futebol Club”, mas de vida tão efémera como a do primeiro.

Já em 1923 é fundado o “Foot-ball Club de Cortegaça – Sociedade Desportiva” fundado por César Cardoso, primeiro sócio e diretor. Depois de inscrito na Associação de Futebol de Aveiro, o clube disputou campeonatos de promoção na esperança de progredir nos escalões. Muitas histórias foram escritas acerca deste clube e nem todas foram as melhores, tal como a mais célebre, onde num jogo contra a Oliveirense os cortegacenses invadiram o terreno onde existiram agressões ao árbitro de jogo e a jogadores da equipa adversária. Fruto disto, o clube acabaria por desaparecer no ano seguinte, na época de 1934/35.

O futebol em Cortegaça só voltaria a renascer 36 anos depois, onde no Parque de Jogos do Buçaquinho, foi fundado o Futebol Clube de Cortegaça na época de 1970/71.


1930 – A Estrada da Praia, a Praia Velha e a Praia Nova

No início da 3ª década do Séc. XX os cortegacenses tinham ainda de calcorrear as altas dunas de areia até chegar aos palheiros da praia velha que se encontravam do lado norte, fazendo fronteira com Esmoriz. Surgiu então a necessidade de construir uma estrada de acesso à praia, partindo do Apeadeiro da CP, com um traçado perpendicular à costa.

No entanto a construção de esta estrada carecia de financiamento para a sua concretização. Ainda assim, numa sessão na Junta de Freguesia em 1928, o presidente João Violas resolveu oficiar ao Ministro do Interior, insistindo que lhe fosse autorizada a venda de uma faixa de areias em Lourido, cujo dinheiro revertia para a construção da estrada. Após este processo estar concluído, a Junta de Freguesia deu início à construção da estrada. Após a conclusão da estrada (no início dos anos 30 do Séc. XX) começaram a surgir as primeiras casas.


1940 – A Cordoaria

A arte da cordoaria tem muitos anos na freguesia de Cortegaça, onde as cordas e redes de pesca eram já fabricadas. Prova disso é o Largo das Praças onde se fabricavam artesanalmente os fios e as cordas que seguiam para venda. Durante a II Guerra Mundial as Praças ficaram abrigadas debaixo de telheiros com vista aos trabalhadores conseguirem laborar a qualquer tempo e circunstância. A partir da década de 50 a cordoaria começou a mecanizar-se e os telheiros foram fechando, sobretudo depois da constituição da SICOR (Sociedade Industrial de Cordoaria).

A forte evolução tecnológica e de engenharia de produção modificou de forma decisiva a produção cordoeira. Em Cortegaça algumas empresas foram capazes de acompanhar o progresso tecnológico a as exigências que os mercados impunham aos produtores. Empresas como a SICOR e a EXPORPLÁS continuam a ser competitivas num exigente mercado global de cordoaria, inovando nos produtos, nas técnicas de produção e crescendo com unidades produtivas fora de Portugal, contribuindo para a sustentabilidade da economia local.


1950 – Os Viajantes

Após o período da II Guerra Mundial e com o forte desenvolvimento na arte cordoeira, as empresas tiveram de exercer uma outra abordagem para com o mercado e foi onde surgiram os “viajantes”.

Na década de 1940 a rede de transportes era muito débil, sendo várias as histórias de habitantes de Cortegaça que faziam viajem pelo Minho, Trás-os-Montes, Estremadura, Alentejo ou Algarve, de bicicleta ou a cavalo, com o fim de conseguirem vender ou realizar encomendas de corda ou de tapeçaria. Com boas capacidades de comunicação e com boa presença, os viajantes de Cortegaça desempenharam um papel crucial no desenvolvimento da economia local e contribuindo também para o sucesso de várias empresas da freguesia.


1952 – A Tapeçaria

Associada à tradicional atividade da cordoaria, a tapeçaria surgiu em Cortegaça por volta da década de 1930 numa fabricada localizada no Largo das Praças. Em 1952 foram várias as oficinas tradicionais de cordoaria a juntarem-se e a fundirem a SICOR, com uma arte cordoeiro mais mecanizada e preparada para maiores desafios impostos pela conjuntura do momento. Nessa altura, a empresa “Manuel Marques Rola, Filhos” ficou dedicada em exclusivo ao fabrico de tapeçaria.

No início dos anos de 1960 foi introduzida a produção de um produto inovador em Portugal, as alcatifas tufting, permitindo o desenvolvimento de novos mercados e a expansão do negócio. Este negócio viria a conhecer um momento decisivo, quando em 1967 é criada a Lusotufo, por incorporação das empresas Manuel Marques Rola, Filhos e Irmãos, Lda. Nos dias de hoje, a Lusotufo é a maior produtora ibérica na produção de pavimentos têxteis, exportando mais de 70% da sua produção.


1985 – A Vila

A elevação de Cortegaça a vila foi um processo apresentado à Assembleia da República pelas mãos do deputado do CDS-PP, Carlos de Sousa Nunes da Silva. Depois de aprovada uma moção da Câmara Municipal de Ovar onde ficava deliberado favoravelmente a elevação de Cortegaça à categoria de vila, o projeto-lei seguiu os seus trâmites habituais e foi aprovado por maioria no dia 9 de Julho de 1985 e convertido posteriormente na Lei 52/85 de 25 de Setembro de 1985.

A Câmara Municipal de Ovar deu parecer favorável à elevação de Cortegaça a vila através da seguinte moção:

“Cortegaça constitui, desde há muito, centro convergente da região norte do Concelho de Ovar, não só devido à sua privilegiada situação geográfica e condições naturais, mas também, e, sobretudo, pelo seu inegável desenvolvimento industrial.
Banhada, a Poente, pelo Atlântico, estendendo-se, a Nascente, até aos limites da Feira, e atravessada a Norte/Sul, pelo caminho de ferro (Porto/Lisboa) e pela Estrada Nacional n.º 109, constitui ponto importante de passagem e de influência turística que lhe conferem verdadeiro cunho citadino.
Cortegaça é já uma das freguesias mais extensas (15 km2) e povoadas (cerca de 6.500 habitantes) do Concelho, com um índice de capitação de impostos dos mais elevados (9.000$00), pelo que a existência de grandes áreas disponíveis, próprias para construção e zonas verdes, traduz suporte de um notável surto habitacional que, num futuro mais próximo, lhe darão uma nova fisionomia demográfica.
No campo educativo, Cortegaça possui duas salas de aula do ensino pré-primário e dez a nível primário, estando prevista para breve, a criação de uma escola preparatória.
No aspecto associativo, assistencial e desportivo, existem várias associações, nomeadamente:

  • Centro Social Cortegacense, com Lar de Infância e Terceira Idade;
  • Centro Infantil;
  • Posto de Assistência Médica;
  • Farmácia;
  • Futebol Clube de Cortegaça;
  • Parque de Campismo;
  • Sede do Sindicato dos Cordoeiros e Capacheiros.

O Parque Industrial, virado em grande parte para a exportação, tem a assinalar a existência de várias unidades de razoável envergadura, de valor económico e social mais que provado e onde trabalham alguns milhares de pessoas, muitas das quais oriundas das freguesias e concelhos limítrofes, destacando-se, pela sua importância, as indústrias têxteis, de alcatifas e cordoaria.
Apoiando a população e os vários sectores económicos, dispõe de uma agência bancária, estação dos CTT, transportes públicos colectivos, quer o caminho de ferro (Linha do Norte) quer carreiras rodoviárias para o Porto, Espinho e Ovar, e alguns estabelecimentos de hotelaria.
Por outro lado, não há dúvida de que razões de natureza histórica e cultural sempre justificaram só por si a elevação de Cortegaça à categoria de Vila.
Com efeito, e para além do mais, Cortegaça já constituiu Concelho em 1834, cuja Câmara Municipal foi empossada em 13 de Maio de 1834 e cujas sessões decorreram até 17 de Outubro de 1835.
De qualquer modo, a Freguesia de Cortegaça detém já todos os requisitos prescritos no art.º 12º da Lei 11/82 e a sua elevação a Vila corresponde aos legítimos anseios da população.”

Para comemorar a elevação de Cortegaça a Vila, realizou-se a 23 de Novembro de 1985 uma sessão solene onde estiveram presentes todos os responsáveis da Junta de Freguesia, as mais altas autoridades do concelho de Ovar, o Governador Civil de Aveiro, as mais altas individualidades da freguesia e um enorme banho de populares, engrandecendo a cerimónia que se tornou marcante.


Cortegaça é então uma vila de gentes com sentido dinâmico e empreendedor e que sempre lutaram e se orgulharam das suas raízes e das suas conquistas. Até aos dias de hoje, esse sentimento e esses ideias vão se transpondo para todos os habitantes de Cortegaça.

Os cortegacenses continuam empreendedores e a freguesia tem-se vindo a desenvolver a passos largos, sendo já uma referência a nível regional, nacional e até internacional.

Referências bibliográficas: Pardinhas, A. (2017). Monografia de Cortegaça.